terça-feira, 12 de março de 2013

Mito Escatológico, ou mito da Catástrofe ou ainda mito do fim do mundo


(Michelângelo: Afresco Capela Sixtina, "O último Julgamento")

(DISCIPLINA: FILOSOFIA DA RELIGIÃO)

O Mito Escatológico está presente em todas as culturas orientais desde a antiguidade e mais recentemente no Ocidente e nas Américas (mito Maia da Catástrofe do ano 2012). Presente em outro Mito, o do Grande Dilúvio, ao contrário deste último, que visa a renovação da humanidade, em seus conceitos e postura diante da vida a partir da tragédia da morte e da perda, o Mito Escatológico subentende que o próprio planeta está em seus estertores finais, através de manifestações da natureza como tsunamis e terremotos, na passagem dos milênios pela contagem do Calendário gregoriano, além de anunciar guerras fulminantes, como a tão propalada 3ª. guerra mundial, com utilização de bombas pelos humanos. Escatologia, do grego "éskhatos", último, e "lógos", conhecimento (http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx?pal=escatologia) PortanTo, "escatologia" é o estudo das últimas coisas, dos acontecimentos do fim dos tempos, do fim do mundo e da humanidade.

As principais características do mito escatológico trazem em seu bojo, conforme Eliade (UNISUL, pg.59), o sobrenatural agindo sobre os humanos provocando cataclismos definitivos; tal mito é sagrado, pois sugere a insatisfação de Deus pelas atitudes humanas. Em WILKINSON & PHILIP (2007, pg.30), o mito escatológico surge em todo o mundo, nas culturas primitivas tribais que sobrevivem até hoje e falam de catástrofes mundiais passadas e aviso de outras futuras; para o criador, “cada ciclo da história humana não passa de um dia, e todas as esperanças e sonhos de vida eterna dos homens duram apenas até o surgir da noite, quando o universo ruirá sobre si mesmo e retornará à pureza da inexistência primeira.” Em diversos conceitos como o hindu, o egípcio e as lendas dos deuses nórdicos de que o mundo acabará sob um desastre universal, ainda trazem a esperança da sobrevivência de alguns poucos que repovoarão e reconstruirão a Terra sob outras bases, tal como a lenda da Arca de Noé ou o mito do dilúvio, que se repetem na África, na Índia, e na Grécia Antiga com Deucalião e Pirra.
Na mitologia de índios norte-americanos este mundo, o quarto de uma série de sete, está agora entrando em seu “termo final”. O quinto mundo que o substituirá já está emergindo e os seus sinais já são visíveis por todos os lados (WILKINSON & PHILIP, 2007).
Interessante notar que, tal como os demais mitos, o mito da catástrofe também surge durante a expansão das culturas da Era do Eixo de Jaspers (UNISUL, pg.66), o que denota uma visão cultural individual e específica de cada cultura mas ao mesmo tempo coletiva; os cultos religiosos se assemelham, o monoteísmo toma seu lugar.

“Também ouvireis falar de guerras e rumores de guerras... mas ainda não será o fim... pois ver-se-á povo levantar-se contra povo e reino contra reino...haverá pestes, fome, tremores de terra ...serão apenas o começo das dores. (Mateus 24, 6:8) . (...) Quando virdes que a abominação da desolação, que foi predita pelo profeta Daniel, está no lugar santo, fujam então para as montanhas os que estiverem na Judéia.” (Mateus 24, 15:22).

O Evangelho de S. Mateus, em seu capítulo 24 acima citado diz respeito ao Sermão Escatológico de Jesus. Igualmente no Evangelho de S. João, predições são feitas com relação a um momento pelos quais toda a humanidade teria que atravessar, como resultante de seus atos, atitudes, pensamentos. É como se Jesus e os evangelistas estivessem alertando aos homens com as consequências trágicas que poderiam advir de seus atos impensados, ou egoístas ao extremo.
Este “clima” de final dos tempos também tomou conta dos espaços midiáticos. Em nosso LD (UNISUL, pg. 61) é citado Gusdorf que menciona o cinema na modernidade como um poderoso instrumento de expansão dos mitos. Para o mito da catástrofe ou escatológico, o cinema tem produzido inúmeros exemplos: 2012, Eu sou a Lenda, O Livro de Davi, etc. Neste último, a história gira em torno do sagrado e do profano. Aquele que for o portador do último livro da última edição da Bíblia que foi salva pelo personagem principal, terá todo o poder sobre um mundo devastado pela guerra nuclear e pela violência.

Analisando os mitos escatológicos e até os Evangelhos, podemos notar, contudo, que todos trazem uma visão não de destruição total, porém de transformação severa e profunda e necessária dos conceitos que norteiam a cultura humana até o momento. Com relação, por exemplo, às mudanças climáticas, a interferência humana se dá de forma contundente e grave, já que as consequências advindas desse processo já estão repercutindo sobre o planeta. A Natureza tem suas regras e leis – caso o homem não as respeite sofrerá por seu descaso e displicência.
O mito da catástrofe nos remete a repensar os códigos de ética que vimos utilizando até o momento, pois com base em interesses pessoais, particularistas e subalternos. A moral religiosa, bem como aquela presente nos mitos antigos nos falam de respeito à Vida como um todo. Repensar uma nova ética, um novo paradigma, é o que muitos já fazem – e o que todos precisamos e devemos fazer.

Comentário:Parabéns, SONIA THEODORO DA SILVA, pela escolha e análise do tema dos mitos com viés escatológicos em várias culturas mostrando sua importância de conteúdo reflexivo inspira gerações na elaboração de sentidos para o viver e o conviver cotidiano de muitos povos com foco na esperança. Especialmente em situações de crise.

Você também foi feliz na avaliação dos pontos essenciais de valoração das sabedorias mitológicas usando uma visão de justa medida e dialogando com autores específicos de nosso LD e outras fontes.

Sugiro incluir o termo gênero apocalíptico sinônimo de escatológico e que exige a prospectiva do novo, renovação, inovação e esperança.

Quanto à forma, você se mostrou sintética, clara e com estilo crítico-sereno. Foi importante você citar as fontes consultadas de forma científica como suporte de suas reflexões incluindo os autores do LD.
Você também faz cuidadosa correção e revisão do texto, já que escreve bem.

É preciso reconhecer também que em seu filosofar valoriza a linguagem mitológica no ontem e nas perspectivas atuais.

Também deixou clara a responsabilidade dos filósofos em relação ao fenômeno do sagrado em seu próprio exercício pessoal do filosofar criterioso. Sugiro elaboração em feitio de artigo a ser publicado no Jornal UnisulHoje.

Desejo-lhe o melhor,Parabéns mais uma vez e abraços de prof. Jaci Gonçalves.

(ORIENTADOR: prof. Jaci R. Gonçalves)

Um comentário:

  1. APDSJC!

    Excelente seu blog, gosto muito de conhecer novos espaços, principalmente quando os mesmos se destinam a apresentar com seriedade um tema tão fascinante que é a ESCATOLOGIA.
    Muitos não sabem interpretar com sabedoria os textos, uns dizem ser literal outros figurado... Só a Luz do Espírito Santo poderemos desvendar os mistérios do Livro do Apocalipse.

    Parabéns irmã, por todo conteúdo.

    A propósito, caso ainda não esteja seguindo o meu blog deixo aqui o convite:
    Fruto do Espírito

    Minha Fan Page

    P.S. Convido a conhecer o blog do irmão J.C.de Araújo Jorge.
    Mensagens atuais, algumas polêmicas, porém edificantes...
    Acesse e confira:
    Discípulo de Cristo

    Em Cristo Jesus,
    ***Lucy***

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