quarta-feira, 25 de julho de 2012

Que resposta o autor dá à questão título do livro: “O que é Filosofia?”

CAIO PRADO JUNIOR
11-02-1907---23-11-1990


No pensamento de Caio Prado Jr., completamos nossos comentários abaixo postados, de que o verdadeiro objeto da especulação filosófica é o ser cognoscente, como fator determinante e participante da natureza e sua interação com ela. É dessa dialética de que a filosofia se ocupa, a interação entre ambos, como fator gerador do Conhecimento.

(Disciplina Introdução à Filosofia, prof. Marciel E. Cataneo)

Idéia e matéria, Platão e Aristóteles, Idealismo e materialismo, dois caminhos (métodos) diferentes para a filosofia

Detalhe(Platão e Aristóteles): Escola de Atenas (1510), Rafael Sanzio

Ideia e matéria
Os pensadores da Grécia pré-socrática mesclavam ideia e matéria numa mesma conceituação, porém, o segundo na verdade exprimia a projeção do primeiro. União de objetividade com subjetividade, a visão de realidade exprimia nesse caso o pensamento de quem a elaborava, e não a realidade em si mesma: o mundo como um conceito pessoal.
Na verdade, a esfera subjetiva (objeto da Filosofia), reforçada pelo pensamento investigador do sujeito cognoscente e seu conteúdo de conhecimentos elaborados, passa a um outro nível, o da consideração da realidade exterior, objetivo, como objeto da Ciência.
Exemplo desse processo inicial, os físicos da Escola de Mileto, na busca pelo ‘arkhé’, a substância universal, de onde derivavam todas as coisas: e as substâncias buscadas e sugeridas por eles se consubstanciavam na matéria: água, ar, fogo.
Somente com Pitágoras (os números), Heráclito (logos), Anaxágoras (nous), Parmênides (Ser) se alcança essa subjetividade que paira acima da substância meramente visível e palpável, sensível, no dizer de Platão, para buscar no inteligível, a fonte de onde se originam todas as coisas.

Platão e Aristóteles
Platão dá legitimidade ao mundo das ideias, ao proferir a Alegoria da Caverna: nada do que se vê, se toca, compara-se à criação subjetiva, mera cópia imperfeita desta. À primeira, imagens imperfeita e obscuramente reproduzindo a fonte de todo Conhecimento, o mundo das ideias. Portanto, Platão, desta forma e, magistralmente, modifica as conceituações de Ciência e de Filosofia, invertendo a ordem de precedência ou processamento e estrutura do Conhecimento.

No dizer de Prado Jr., Aristóteles vai fazer o caminho inverso, trazendo “as ideias platônicas da esfera supra-sensível em que se encontravam, para as coisas do mundo sensível” (PRADO Jr.1981), confundindo desta forma, “o objeto do Conhecimento com o Conhecimento como objeto” (PRADO, 1981). Na afirmação do autor, Aristóteles causa um desastre conceitual ao integrar as ideias nas próprias coisas da realidade sensível, desastre este que se arrastou durante grande parte da história. Seu método, segundo alguns autores, é antes de tudo, dedutivo e sistemático, atribuindo à racionalidade a única explicação verdadeira para a investigação do objeto.
Aristóteles departamentaliza e sistematiza o Conhecimento por área de atuação científica. Segundo Prado Jr., “o interesse de Aristóteles e a contribuição que oferece se fixam essencialmente não nos fatos, e sim no Conhecimento deles, no Conhecimento em si”, haja vista a obra que completa o seu pensamento, o ORGANON.
Os dois polos da Filosofia moderna, conforme o autor, idealismo e materialismo, repousam nesse problema do Conhecimento. Dois contrastes substanciais, o material em oposição ao ideal, contrapondo-se ao longo da história, porém, como formas de percepção e expressão, unindo-se num mesmo aspecto de visão de Conhecimento.

(Disciplina Introdução à Filosofia - prof. Marciel E. Cataneo)

INTRODUÇÃO À FILOSOFIA, segundo CAIO PRADO JR.



Conforme o texto de Caio Prado Júnior, disserte sobre diferenças entre filosofia e ciência

Segundo o pensador, há diversas definições de Filosofia de acordo com cada autor; a especulação filosófica seria infinita e sem direção, cabendo à ela, Filosofia, nunca resolver questões, mas sugeri-las “e propor problemas” (PRADO Jr.1981), elaborar perguntas unicamente tendo como objetivo a provocação à reflexão. A filosofia ainda permeia os mesmos caminhos da literatura, levando, contudo, apenas estímulos ao objeto básico a que se propõe: indagar.
A Filosofia ainda é tida como um complemento da Ciência e da elaboração cognitiva, como “seu coroamento e síntese” (PRADO Jr.,1981). A bem da verdade, desde a antiguidade os dois enfoques da realidade estiveram estreitamente unidas, até por volta do séc. XVIII.
De acordo com Prado Jr., a Filosofia, como Conhecimento, se ocupa dos mesmos objetos da Ciência, contudo, esta última desenvolve setores do Conhecimento empírico, voltados para a experimentação, quais sejam Ciências sociais e as Ciências físicas. Portanto a Filosofia não pode ser apenas prolongamento da Ciência, pois o objeto de que se ocupa, além dos aspectos factuais da Natureza, é o sujeito cognoscente, aquele que elabora o Conhecimento.
A Filosofia então, seria o conhecimento do Conhecimento. Ainda conforme Prado Jr., “Filosofia e Ciência, distintas quanto à perspectiva em que se respectivamente se colocam, e ao método, ou antes estilo que adotam, se ocupariam uma e outra da mesma Realidade Universal, (..) os objetos respectivos do Conhecimento (Ciência) e o Conhecimento do Conhecimento (Filosofia).” O primeiro (Ciência), o reconhecimento da realidade imediata, o segundo (Filosofia), do conhecimento dessa realidade imediata. O primeiro, observar, o segundo, analisar e deduzir.

Bibliografia: PRADO Jr., Caio. O que é filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1981 (Primeiros Passos, 37) Fonte: Disponível no site http://www.culturabrasil.pro.br/oqueefilosofia.htm. Acessado em 25 de fevereiro de 2009. Texto originalmente publicado no Almanaque, nº 4, Ed. Brasiliense, 1977.

(Disciplina Introdução à Filosofia, sob a orientação de Marciel E.Cataneo)