terça-feira, 12 de março de 2013

A Busca do Existir e A Dúvida como Princípio fundamental


(DISCIPLINA: ONTOLOGIA I)
A BUSCA DO EXISTIR
(M. P. Silva – 04/02/2011)
“[...] Tantas teorias e tanto a estudar, que esquecemos de sentir. Sentir o que está em nossa volta. Sentir quando acordamos de manhã cedo, bem cedo, e lá está um ar diferente, uma respiração pura, mesmo com o céu nublado. Mas se o céu está limpo, o sol está calmo e podemos sentir esse calor penetrando levemente a pele, na temperatura certa para aquecer sem fogo, mas suficiente para renovar as forças. Sentir o vento suave, mais brisa do que fúria, ele refresca e de tão calmo nos envolve até a sonolência. E se chove, ah se chove. Sentimos os pingos caírem sobre a pele, que molhada e alvoroçada arrepia os pelos do corpo e a pele toda parece estar em camada desgrudada do restante do corpo, sentimos como se naqueles instantes estivéssemos lavando a alma [...]”. Fonte: WEBARTIGOS.COM. A BUSCA DO EXISTIR. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/57822/1/A-BUSCA-DO-EXISTIR/pagina1.html#ixzz1EykS5I6q. Acesso em: 15 jun. 2011.

Este texto explora o sentir como algo esquecido diante de tantas teorias. Sendo assim, analise o texto e, construa um argumento que valorize os sentidos e a percepção como capacidades humanas fundamentais para o existir humano e, assim, para o dar sentido às coisas que existem.
Poderíamos perguntar se o real é o que é constatável pelos sentidos ou o que é demonstrável pela razão? Segundo Parmênides os sentidos enganam pois nada é constatável por eles, senão a multiplicidade dos corpos. Segundo o filósofo, os atributos do ser não podem ser encontrados por via experimental ou sensorial, mas deduzidos com coerência lógica do próprio conceito de ser (NICOLA, 2002). Na Alegoria da Caverna, Platão pretende demonstrar que as sombras projetadas na caverna, perceptíveis pelos sentidos (mundo sensível), tornam a realidade embotada e sem significado do real, que está fora das restrições da caverna (mundo inteligível). Platão ainda diz que por meio dos nossos sentidos “não somos capazes de captar os seres como de fato são, sendo apenas imagens distorcidas do verdadeiro ser” (Apostila Unisul, pg.77). Com o advento do psicologismo, do romantismo e do existencialismo, os sentidos e a percepção passaram a ser instrumentos eficazes para a captação do real, somados à razão. Porém, não podemos esquecer que tanto os sentidos quanto a percepção das coisas, do mundo em que vivemos, dos seres à nossa volta, dá-nos o encanto do existir; são o contributo necessário à nossa felicidade, embora saibamos ser ela – a felicidade - igualmente relativa, pois que circunscrita ao modo de cada ser.

Apologia de Sócrates
“[...] pus-me a considerar, de mim para mim, que eu sou mais sábio do que esse homem, pois que, ao contrário, nenhum de nós sabe nada de belo e bom, mas aquele homem acredita saber alguma coisa, sem sabê-la, enquanto eu, como não sei nada, também estou certo de não saber. Parece, pois, que eu seja mais sábio do que ele, nisso - ainda que seja pouca coisa: não acredito saber aquilo que não sei [...]”. Fonte: DOMÍNIO PÚBLICO. APOLOGIA DE SÓCRATES. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2296 . Acesso em: 15 jun. 2011.
Este trecho atribuído a Sócrates explora uma atitude filosófica diante das coisas que existem. Desta forma, analise o texto e, construa um argumento que valorize a dúvida como procedimento fundamental para conhecer o que há.
Na sua argumentação explore a racionalidade como categoria fundamental para as reflexões ontológicas.

Princípio investigativo socrático, a dúvida, juntamente com a humildade, faculta-nos, segundo o filósofo, a possibilidade de desenvolver o conhecimento, sem os laivos da vaidade que bloqueia, ou da opinião (doxa) que personaliza a percepção do real.
As suas perguntas, começando com “O que é...?” descarta a possibilidade de mascararmos a realidade, tal como ela se apresenta, livre das percepções pessoais e exclusivistas de cada ser.
É possível conhecer? É possível conhecer o homem? Sócrates investiga incansavelmente a realidade e o ser, como um “parteiro” das idéias, fazendo brotar do raciocínio humano, a Verdade, embora difícil de ser enfrentada, embora seja ela própria fruto do momento em que é descoberta.
Seu discípulo Platão aprofunda o conceito mais tarde, projetando esse sentido na Alegoria da caverna. O contributo de Sócrates para o direcionamento correto da razão, como um caminho árduo, porém suave, porque reflexivo, dá-nos a certeza de existirmos, com todos os atributos parmenídicos, ressalvados, porém, e sempre, a faculdade do devir.
(ORIENTADOR: prof. Leandro K.Pacheco)

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