Escola de Atenas (1509/10) - Rafael Sanzio
Durante o Renascimento, houve nos mais variados campos do conhecimento, um renovado interesse nas obras literárias, filosóficas, históricas e de artes plásticas produzidas pelos gregos e pelos romanos na Antiguidade. Além disto, o conhecimento daquele período serviu como modelo inspiração para artistas famosos que desta forma expressam sua admiração pelas realizações dos antigos. Um exemplo é a obra a “Escola de Atenas”, afresco pintado por Rafael Sanzio, entre 1509 a 1510; cm base nos dados apresentados, faça uma pesquisa sobre o quadro em fontes de notória cientificidade e aponte que pensadores são representados no centro do afresco. Feito isto, explique qual papel eles tiveram na filosofia do Renascimento.
No centro do afresco estão em pé Platão (427-347 a.C.), com sua obra Timeu nas mãos, e apontando com um dos dedos da mão direita para cima, gesto que representa a teoria das ideias, abstratas e intangíveis; ao seu lado, Aristóteles (384-322 a.C.), seu discípulo, com a mão direita num gestual em direção à terra, representando a percepção pelos sentidos, traz na mão esquerda o seu livro Ética a Nicômaco.
Fonte de Pesquisa : http://www.dm.ufscar.br/hp/hp902/hp902001/hp902001.html
“Rafael Sanzio foi sábio ao colocar no centro as figuras de Platão e Aristóteles já que ambos de certo modo monopolizam a Filosofia Antiga. Platão segurando o Timeu procura explicar o surgimento do mundo fugindo da explicação mítica. Umas das grandes marcas do pensamento platônico é o contraponto entre o mundo real (imperfeito, mutável) e o mundo inteligível (perfeito, eterno e absoluto, simbolizado pelo sol na Alegoria da Caverna e fonte da verdade, da justiça, das essências, etc...),acessível pela razão. Por isso Platão aparece apontando para o alto. Já Aristóteles, seu discípulo, segura a Ética a Nicômaco e tem a mão na horizontal, representando o terrestre, o mundo sensível e passível de ser conhecido e apreendido pela experiência, pela observação do real, etc. Além disso o mundo justo perseguido por Aristóteles passa pela prática do justo-meio, do equilíbrio e este passa pelas relações humanas.” (João José Buss)
A predominância do pensamento platônico na Renascença vem desde a Antiguidade, contudo a influência de Aristóteles naquele período ainda não foi totalmente avaliada dada a falta de dados que comprovem o alcance de tal influência (TARGA et al., 2011). O Humanismo propiciou o estudo mais abrangente da antiguidade grega e latina, que passaram a ser modelos ideais para os humanistas, que, em sua maioria, “conheciam os clássicos antigos e se formaram dentro da tradição de valorização do pensamento e Aristóteles, (...) predominante nas universidades da época, em que o ensino da filosofia escolástica perdurou até meados do século XVI”(ibidem). No Trecento, foi com Petrarca, considerado o pai do Humanismo que a educação toma novos ares, saindo do método quaestio para o estudo das humanae litterae, preconizando o que, em seu entendimento, era o mais importante, o conhecimento de si, que somente as disciplinas que promovessem conhecimentos, métodos e habilidades intelectuais, como a retórica, a oratória e o estudo das obras clássicas poderiam incentivar. Nota-se aí uma grande influência socrático-platonica.
A partir do século XV e XVI, o florescimento da magia – as coisas possuíam poderes ocultos – o trabalhos dos tradutores, como Marcílio Ficino, com sua abordagem platônica, plotiniana, bem como as tradições neoplatonica e neopitagórica influenciam as pesquisas sobre textos considerados herméticos e de procedência antiga, como os Oráculos Caldeus, e Hinos Órficos, por sua vez procedentes de uma antiga tradição órfica e que teria influenciado Platão e Pitágoras, posteriormente descobertos como sendo do helenismo tardio.
Na Itália, o interesse por Platão e pelos neoplatonistas como autores clássicos predomina sem contudo desprezar-se a influência escolástica sob a base de Aristóteles. A Academia de Florença conhecida como academia platônica reunia, sob a direção de Cosme de Médici escritores, filósofos, músicos e posteriormente artistas das artes plásticas, com especial interesse no mundo antigo.
A presença de Nicolau de Cusa, compreende neste período o lado da religião, que busca nos escritos platônicos, respaldo para o resgate da consciência cristã.
Segundo TARGA, “o filósofo mais discutido e influente no período renascentista foi Platão” (ibidem), considerando, segundo Kristeller, que Aristóteles, associado às estruturas da idade Média, por isso repudiado pelos Humanistas.
A discussão não se encerrou – a influência de ambos, Platão e Aristóteles predomina até os nossos dias; permanecemos todos sentados aos seus pés, como os demais pensadores analogicamente postados na pintura de Rafael, aguardando, na Escola de Atenas, que o seu pronunciamento se faça, e delibere sobre os tempos atuais, tão carentes de aprofundamento, quanto de ética.
Tivemos, como civilização, uma grande história, uma grande jornada até o momento. Fica a pergunta: o que nos impede de alavancar o Conhecimento em profundidade, em detrimento da vulgaridade de superfície que aparece em abundância?
(Disciplina: História da Filosofia III - prof. João J.Buss)
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