quarta-feira, 25 de julho de 2012

Idéia e matéria, Platão e Aristóteles, Idealismo e materialismo, dois caminhos (métodos) diferentes para a filosofia

Detalhe(Platão e Aristóteles): Escola de Atenas (1510), Rafael Sanzio

Ideia e matéria
Os pensadores da Grécia pré-socrática mesclavam ideia e matéria numa mesma conceituação, porém, o segundo na verdade exprimia a projeção do primeiro. União de objetividade com subjetividade, a visão de realidade exprimia nesse caso o pensamento de quem a elaborava, e não a realidade em si mesma: o mundo como um conceito pessoal.
Na verdade, a esfera subjetiva (objeto da Filosofia), reforçada pelo pensamento investigador do sujeito cognoscente e seu conteúdo de conhecimentos elaborados, passa a um outro nível, o da consideração da realidade exterior, objetivo, como objeto da Ciência.
Exemplo desse processo inicial, os físicos da Escola de Mileto, na busca pelo ‘arkhé’, a substância universal, de onde derivavam todas as coisas: e as substâncias buscadas e sugeridas por eles se consubstanciavam na matéria: água, ar, fogo.
Somente com Pitágoras (os números), Heráclito (logos), Anaxágoras (nous), Parmênides (Ser) se alcança essa subjetividade que paira acima da substância meramente visível e palpável, sensível, no dizer de Platão, para buscar no inteligível, a fonte de onde se originam todas as coisas.

Platão e Aristóteles
Platão dá legitimidade ao mundo das ideias, ao proferir a Alegoria da Caverna: nada do que se vê, se toca, compara-se à criação subjetiva, mera cópia imperfeita desta. À primeira, imagens imperfeita e obscuramente reproduzindo a fonte de todo Conhecimento, o mundo das ideias. Portanto, Platão, desta forma e, magistralmente, modifica as conceituações de Ciência e de Filosofia, invertendo a ordem de precedência ou processamento e estrutura do Conhecimento.

No dizer de Prado Jr., Aristóteles vai fazer o caminho inverso, trazendo “as ideias platônicas da esfera supra-sensível em que se encontravam, para as coisas do mundo sensível” (PRADO Jr.1981), confundindo desta forma, “o objeto do Conhecimento com o Conhecimento como objeto” (PRADO, 1981). Na afirmação do autor, Aristóteles causa um desastre conceitual ao integrar as ideias nas próprias coisas da realidade sensível, desastre este que se arrastou durante grande parte da história. Seu método, segundo alguns autores, é antes de tudo, dedutivo e sistemático, atribuindo à racionalidade a única explicação verdadeira para a investigação do objeto.
Aristóteles departamentaliza e sistematiza o Conhecimento por área de atuação científica. Segundo Prado Jr., “o interesse de Aristóteles e a contribuição que oferece se fixam essencialmente não nos fatos, e sim no Conhecimento deles, no Conhecimento em si”, haja vista a obra que completa o seu pensamento, o ORGANON.
Os dois polos da Filosofia moderna, conforme o autor, idealismo e materialismo, repousam nesse problema do Conhecimento. Dois contrastes substanciais, o material em oposição ao ideal, contrapondo-se ao longo da história, porém, como formas de percepção e expressão, unindo-se num mesmo aspecto de visão de Conhecimento.

(Disciplina Introdução à Filosofia - prof. Marciel E. Cataneo)

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